O PROERD funciona? Notas a partir de estudo quase-experimental

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Resumo

O objetivo do artigo é o de discutir a eficiência do Programa de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD), implementado em todos os estados brasileiros pelas Polícias Militares. A metodologia da pesquisa é a de um estudo quase-experimental, de autorrelato, que contou com a seleção de dois grupos de estudantes de uma escola municipal de Porto Alegre: um grupo de intervenção com estudantes que haviam participado do PROERD em 2015 e 2016 e um grupo de controle com estudantes da mesma faixa etária que não o haviam frequentado. Encontramos que a participação no PROERD não está associada à menores taxas de consumo de drogas, nem está associada à um melhor desempenho escolar dos estudantes. O estudo mostrou, entretanto, que outras variáveis independentes, como não residir com os pais, não manter com eles um bom relacionamento, ter sofrido violência física, ter sido humilhado ou ameaçado no ambiente escolar e residir com familiar que consome bebidas alcoólicas, estão associadas significativamente com o consumo de drogas e o mau desempenho escolar, o que sugere que possam ser fatores preditivos para esses fenômenos. Estudos empíricos que medem resultados na área da segurança pública seguem sendo raros no Brasil, circunstância que agrega valor a esse trabalho. As evidências encontradas pelo estudo, no mais, podem ser importantes para a definição de políticas públicas na área. A natureza da pesquisa impede qualquer generalização dos resultados, mas reforça a necessidade de uma avaliação nacional do PROERD.


Palavras-chave: PROERD, avaliação, prevenção às drogas.

Biografia do Autor

Marcos Rolim, Centro Universitário Ritter dos Reis – UniRitter, Porto Alegre, RS, Brasil.

Doutor (2014) e mestre (2008) em Sociologia pela UFRGS, instituição onde realiza seu pós-doutoramento. É especialista em Segurança Pública pela Universidade de Oxford, UK (2004)) e jornalista graduado pela UFSM (1990). É professor do mestrado em Direitos Humanos do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter).

Daiana Hermann, Meta Instituto de Pesquisa de Opinião, Porto Alegre, RS, Brasil.

Doutora (2018) em Sociologia e mestra (2011) em Antropologia Social pela UFRGS, com graduação em Ciências Sociais (2009) pela UNISC. Foi bolsista do Programa PSDE da CAPES na Universidade de Paris Nanterre. É analista de pesquisa na Meta Instituto de Pesquisa de Opinião.

Camila Louis Oliveira, Centro de Promoção da Criança e do Adolescente São Francisco de Assis, Porto Alegre, RS, Brasil.

Especialista (2019) em Direitos Humanos e Políticas Públicas pela UNISINOS e especialista (2015) em Saúde Mental Coletiva pelo Programa de Residência Integrada em Saúde do Grupo Hospitalar Conceição. É graduada em Psicologia (2012) pela ULBRA e atua no Centro de Promoção da Criança e do Adolescente São Francisco de Assis.

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Publicado

2021-01-22