Medicalização do parto: a apropriação dos processos reprodutivos femininos como causa da violência obstétrica

Autores

  • Kenia Martins Pimenta Fernandes Universidade Federal do Tocantins Escola Superior da Magistratura Tocantinense
  • Carlos Mendes Rosa Universidade Federal do Tocantins

Palavras-chave:

Medicalização do Parto, Apropriação dos Processos Reprodutivos, Violência Obstétrica , Direitos Humanos das Mulheres

Resumo

A discussão proposta neste artigo é fruto de uma pesquisa qualitativa feita a partir de uma revisão bibliográfica com objetivo de traçar um perfil histórico do processo de medicalização do parto, verificar a sua influência na apropriação dos processos reprodutivos femininos e a consequente redução da autonomia da mulher sobre seu corpo, e constatar as violações de direitos humanos das mulheres ocorridas nesse processo que devem ser reconhecidas como violência obstétrica. O parto, até meados do século XVI, conduzido na sociedade ocidental exclusivamente por parteiras tornou-se medicalizado e institucionalizado a partir da segunda metade do século XX. A medicalização do parto, fruto da medicalização social que atribui caráter médico e patológico a aspectos naturais da vida, foi marcada pelo afastamento das parteiras do manejo do trabalho de parto, constituindo- se em saber predominantemente masculino, dada a proibição do ensino formal às mulheres. O machismo e os aspectos morais e religiosos determinantes na sociedade ocasionaram a objetificação do corpo feminino como artifício de aprendizado médico e meio de exercício do controle populacional. O processo medicalizante deu margem a uma forma de violência decorrente da apropriação dos processos reprodutivos femininos pelas equipes de saúde, nominada violência obstétrica que se caracteriza pelo uso de práticas obstetrícias danosas e desprovidas de evidência científica acerca de sua eficácia, mas permeia-se por fatores de discriminação por gênero, classe social e pelo racismo estrutural. Esses aspectos estão entre os principais obstáculos ao enfrentamento à violência obstétrica, que precisa ser analisada de maneira interseccional, com vistas a resgatar a autonomia das mulheres quanto à decisão sobre seus corpos, levando-se em conta as diferentes formas de opressão a que estão submetidas.

Palavras-chave: Medicalização do Parto; Apropriação dos Processos Reprodutivos; Violência Obstétrica; Direitos Humanos das Mulheres

Biografia do Autor

Kenia Martins Pimenta Fernandes, Universidade Federal do Tocantins Escola Superior da Magistratura Tocantinense

Graduada em Direito pela Universidade Federal do Tocantins, Especialista em Direito Civil e Direito Processual Civil pela Fundação Universidade do Tocantins,  atualmente Defensora Pública no Estado do Tocantins, cursando Programa de Pós-Graduação (Mestrado) em Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos pela Universidade Federal do Tocantins em parceria com a Escola Superior da Magistratura Tocantinense

Carlos Mendes Rosa, Universidade Federal do Tocantins

Doutor em Psicologia. Psicólogo. Professor do Programa de Pós-Graduação em Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Professor Adjunto do curso de Psicologia da Universidade Federal do Tocantins (UFT)

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Publicado

2021-01-22