“É ferida que dói e não se sente, [...] é dor que desatina sem doer”: Conhecendo a identidade de zeladoras terceirizadas por meio do vínculo da memória e da classe social

Autores

  • Viviani Teodoro dos Santos Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR
  • Marivânia Conceição de Araujo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais - UEM – Universidade Estadual de Maringá
  • Marcio Pascoal Cassandre Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais - UEM – Universidade Estadual de Maringá

DOI:

https://doi.org/10.4013/csu.2019.55.3.11

Resumo

Tratar de identidades é estar diante de múltiplas formas de se trilhar um caminho. Cada coletividade, cada paradigma, cada tempo histórico, possui em si a capacidade de trazer sempre novos olhares à temática. Partindo desse pressuposto e mantendo o interesse por uma identidade coletiva profissional ou ocupacional, o objetivo deste estudo foi conhecer os elementos identitários de um grupo de zeladoras terceirizadas de uma instituição pública federal brasileira. Para isto, recorreu-se à perspectiva da memória enquanto auxiliar no processo de revelação e elemento constituinte das identidades, bem como ao contexto de classe social para buscar compreender a realidade apreendida em campo. Como procedimentos metodológicos foram utilizados uma entrevista semiestruturada com a supervisora da equipe de limpeza, dois grupos focais, entrevistas narrativas individuais com as oito zeladoras e um breve período de observação participante. A constatação foi que as lembranças passadas constituem parte essencial para a compreensão dessa identidade coletiva e que o grupo possui em comum uma profissão não proveniente de uma escolha baseada em aptidões ou vocação, mas sim de condições de vulnerabilidade social. A identidade do grupo é marcada por acontecimentos dramáticos, porém, cercados por gestos de solidariedade; um trabalho cotidiano intenso e pesado, marcado pela hierarquia das distinções; e uma trajetória que se apoia em elementos como a fé e a dedicação diária, de modo que, ao desempenhar um papel no sistema, precisam lançar mão do conformismo como estratégia de sobrevivência.

Biografia do Autor

Viviani Teodoro dos Santos, Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR

Mestre em Administração pelo PPA - Programa de Pós-Graduação em Administração - Universidade Estadual de Maringá.

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Publicado

2020-02-13