A patrimonialização da memória social: uma forma de domesticação política das memórias dissidentes ou indígenas?
DOI:
https://doi.org/10.4013/csu.2011.47.3.10Resumo
Este trabalho procura apresentar as práticas de memorização, realizadas por diversos grupos, enfocando-se nas memórias hegemônicas (representadas pelas instituições de memória, museus, arquivos e os seus profissionais, arquivistas, bibliotecários, historiadores, etc. e as políticas oficiais de patrimonialização do Estado) e nas memórias dissidentes (neste caso, o pensamento indígena). Na formação das identidades nacionais e na dominação política, a definição da história e da memória (Popular Memory Group, 1982) têm tido um papel-chave expresso na imposição de versões particulares e parciais como universais e comuns, na oclusão, exclusão e silenciamento do sentido vivido do passado dos “grupos subalternos”, mas também em sua colonização e expropriação (Bonfil, 1993) ou domesticação (Gnecco, 2000). Este paper se questiona até que ponto os mecanismos ou dispositivos de memória e esquecimento oficiais conseguiram silenciar, mudar, ou representar verdadeiramente as “vozes não hegemônicas”. Por outro lado, também se apresentam as “novas” formas de inscrição e expressão das memórias não hegemônicas já não só limitadas aos documentos de arquivos: corpo (pintura corporal), ritualização e a paisagem (locais sagrados). Assim, a natureza do texto histórico se amplia dramaticamente. Assim, esta pesquisa se insere na tensão entre práticas culturais globais e locais, representada de maneira notória nas lutas pela definição das identidades. E, nessa luta, os sistemas de representação histórica (como os arquivos, museus) têm tido um papel determinante. Contudo, apesar das relações de subordinação das comunidades indígenas, algumas conseguiram reinventar e construir uma “outra história”.
Palavras-chave: memória indígena, instituições de memória, práticas de memorização.
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