“É ferida que dói e não se sente, [...] é dor que desatina sem doer”: Conhecendo a identidade de zeladoras terceirizadas por meio do vínculo da memória e da classe social
DOI:
https://doi.org/10.4013/csu.2019.55.3.11Resumo
Tratar de identidades é estar diante de múltiplas formas de se trilhar um caminho. Cada coletividade, cada paradigma, cada tempo histórico, possui em si a capacidade de trazer sempre novos olhares à temática. Partindo desse pressuposto e mantendo o interesse por uma identidade coletiva profissional ou ocupacional, o objetivo deste estudo foi conhecer os elementos identitários de um grupo de zeladoras terceirizadas de uma instituição pública federal brasileira. Para isto, recorreu-se à perspectiva da memória enquanto auxiliar no processo de revelação e elemento constituinte das identidades, bem como ao contexto de classe social para buscar compreender a realidade apreendida em campo. Como procedimentos metodológicos foram utilizados uma entrevista semiestruturada com a supervisora da equipe de limpeza, dois grupos focais, entrevistas narrativas individuais com as oito zeladoras e um breve período de observação participante. A constatação foi que as lembranças passadas constituem parte essencial para a compreensão dessa identidade coletiva e que o grupo possui em comum uma profissão não proveniente de uma escolha baseada em aptidões ou vocação, mas sim de condições de vulnerabilidade social. A identidade do grupo é marcada por acontecimentos dramáticos, porém, cercados por gestos de solidariedade; um trabalho cotidiano intenso e pesado, marcado pela hierarquia das distinções; e uma trajetória que se apoia em elementos como a fé e a dedicação diária, de modo que, ao desempenhar um papel no sistema, precisam lançar mão do conformismo como estratégia de sobrevivência.
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