A indústria cultural brasileira na formulação de Renato Ortiz

Autores

  • Marcelo Ridenti Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

DOI:

https://doi.org/10.4013/csu.2018.54.2.01

Resumo

O artigo retoma e interpreta a reflexão de Renato Ortiz sobre a indústria cultural no Brasil. A hipótese proposta por ele se tornou referência para outros autores e passou a fazer parte de um saber consolidado comum, que nem sempre explicita sua origem na obra de Ortiz. Segundo ele, a indústria cultural só amadureceu na sociedade brasileira nos anos de 1960 e 1970, sob a ditadura militar, quando o mercado de bens culturais atingiu um patamar elevado em volume e dimensão, com o desenvolvimento expressivo da indústria televisiva, fonográfica, cinematográfica, editorial e outras, além de agências de publicidade e toda sorte de negócios dos meios de comunicação de massa, geridos cada vez mais conforme padrões internacionais de racionalidade empresarial, com apoio direto ou indireto do Estado. Para o autor, o amadurecimento da indústria cultural gerou uma “moderna tradição brasileira”, que incorporou ideologicamente as formulações utópicas nacionais e populares para construir um “internacional popular” que venderia os produtos culturais brasileiros também no mercado externo. O popular seria agora entendido correntemente como aquilo que tem mais aceitação de mercado pelo grande público, e o nacional, concebido como espaço de consumo interno e atributo para a venda mundial de produtos culturais brasileiros, como as telenovelas.

Palavras-chave: cultura brasileira, indústria cultural, modernidade.

Biografia do Autor

Marcelo Ridenti, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Professor Titular de Sociologia desde 2005 no IFCH/UNICAMP, onde defendeu tese de livre-docência (1999). Doutor em Sociologia (USP, 1989), graduado em Ciências Sociais (USP, 1982) e em Direito (USP, 1983). Pós-doutorado na EHESS, Paris (2000 e 2010). Ingressou na UNICAMP em 1998, fora docente da UNESP/Araraquara (1990-1998), e da UEL (1983-1990). Professor visitante na Universidade Columbia, Nova York (2014-2015). Tem experiência na área de Sociologia, atuando principalmente nos seguintes temas: cultura/ arte e politica/ esquerda brasileira/ intelectuais/ pensamento marxista/ ditadura militar no Brasil/ anos 1950, 1960 e 1970. Autor de vários livros, capítulos de livros e artigos no Brasil e no exterior, entre eles, Brasilidade revolucionária - um século de cultura e política (Ed. Unesp, 2010), Em busca do povo brasileiro: artistas da revolução, do CPC à era da tv (Ed. UNESP, 2a. ed. revista e ampliada, 2014), O fantasma da revolução brasileira (Ed. UNESP, 2a. ed. revista e ampliada, 2010). Foi Secretário Executivo da ANPOCS (2004-2008). Integrou órgãos de avaliação na FAPESP (2006-2012) e no CNPq (2010-2013). Orientou 28 mestrados e 13 doutorados concluídos, mais 4 supervisões de pós-doutorado. Seus ex-orientandos são docentes e pesquisadores na USP, UNESP, UNICAMP, Unifesp, UFG, UFMT, UFES, UFFS, UEL, Unioeste, SESC-SP, entre outras instituições.

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Publicado

2018-09-28

Edição

Seção

Dossiê: A moderna tradição brasileira, 30 anos depois