Entre precariedade e resistência: a cidade como espaço de produção e luta no capitalismo cognitivo
DOI:
https://doi.org/10.4013/csu.2017.53.2.01Resumo
Este artigo propõe identificar as relações que são possíveis estabelecer entre as transformações do trabalho e o recente ciclo global de lutas. A compreensão partilhada é de que, a partir da década de 1970, o capitalismo entra em uma fase de transformação, caracterizada pelo crescimento do papel das dimensões cognitivas do trabalho. Diferentemente da dinâmica fordista, que tendia a excluir a subjetividade do trabalhador nos processos produtivos, o trabalho pós-fordista exige a participação subjetiva do trabalhador não apenas na produção. Isto é, no regime de acumulação do que aqui nomeamos capitalismo cognitivo, o trabalhador participa por meio da sua capacidade de criar, imaginar, intervir, mas, também, nas dinâmicas de circulação. A produção contemporânea se dá extrapolando os espaços de confinamento fabris de outrora, difundindo-se por todo o tecido social em uma cooperação entre redes e ruas. Nesse contexto, a cidade converte-se em espaço de produção e valorização do trabalho. Diante das condições de vida e trabalho na cidade, cada vez mais precária, a metrópole constitui-se também como terreno das lutas por melhores condições de vida e gestão democrática da cidade. Enquanto, nas fábricas, os trabalhadores se organizavam em torno dos direitos relativos a salários e horários; na cidade, a multidão luta pela infraestrutura física e imaterial para a vida social, esta que, em última análise, alimenta a economia cognitiva. É nesse sentido que as revoltas recentes nas metrópoles globais correspondem às lutas do trabalho contemporâneo. Este texto pensa a necessidade de criar uma nova agenda política que faça justiça à nova composição técnica do trabalho.
Palavras-chave: precariedade, cidade, multidão, lutas.
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