A abstinência voluntária do consumo de carne pode ser compreendida como um princípio ético?
DOI:
https://doi.org/10.4013/csu.2016.52.1.14Resumo
Este artigo aborda a relação entre a preocupação da sociedade com as crueldades dispensadas aos animais e a abstinência voluntária do consumo de carne. Por meio de uma avaliação quantitativa de textos científicos e concepções de cidadãos, o estudo traz uma reflexão balizada por diferentes visões a respeito dos fatores promotores do consumo, muitas vezes gerador de vulnerabilidades, que demandam a incorporação de novos paradigmas norteadores de escolhas conscientes da realidade envolvida no sistema de produção animal. Embora a dieta seja fundamentada por inúmeros fatores biopsicossociais, o acesso à informação, principalmente a respeito do conhecimento científico sobre a consciência animal, somado à consolidação da bioética, contribui para a solidificação de uma consciência crítica a respeito do tratamento aos animais e potencialmente constitui um estímulo a mais para a decisão de se abster do consumo de carne. O vegetarianismo, nas suas diferentes expressões, muitas vezes não representa simplesmente um hábito alimentar, mas uma mudança de conduta, visando a uma melhor interação com a natureza, independentemente da área de formação acadêmica, mudança esta que ultrapassa a visão sobre o bem-estar animal, alcançando outras esferas de abuso de sujeitos vulneráveis aos interesses econômicos. Assim, mudar concepções éticas exige decisões racionais, as quais devem ser balizadas por princípios éticos consolidados e intermediadas por um diálogo promovido por uma ciência como a Bioética Ambiental, a qual se propõe a intermediar questões complexas, globalizadas e plurais na busca de soluções consensuais para todos os atores envolvidos, desta e de futuras gerações.
Palavras-chave: bem-estar animal, bioética ambiental, vegetarianismo.
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