Análise de um empreendimento de economia solidária sob a ótica da sociologia das ausências e das emergências

Autores

  • Marília Veríssimo Veronese

Resumo

Esse artigo é resultado de uma pesquisa em nível de doutorado em psicologia, um estudo de caso realizado junto a uma cooperativa urbana situada em Porto Alegre (RS). Tem como proposta discutir o trabalho na perspectiva da economia solidária, analisando as vivências dos trabalhadores de um empreendimento, bem como as questões da subjetividade ligadas aos processos laborais. Seus principais articuladores teóricos são Boaventura de Sousa Santos, com a proposição da sociologia das ausências e das emergências, Fernando Gonzalez Rey e Felix Guattari, com as teorizações acerca da subjetividade, respectivamente compreendida como processo de produção simbólica de sentidos e produção histórico-social que assume uma forma serializada na contemporaneidade capitalista. Os principais achados, na análise da trajetória do empreendimento, apontam para as grandes dificuldades encontradas pelos sujeitos que trabalham no campo da economia solidária, que embora identificados com formas alternativas de viver e trabalhar, percebem o processo de apropriação da autogestão como acima de suas possibilidades. Desejam diferenciar-se dos modos de gestão capitalista, mas experimentam a tentativa como um labirinto no qual se sentem perdidos, autodepreciando-se e culpabilizando-se pelas dificuldades encontradas. As constelações relacionais de poder dão-se de forma não dialógica e assimétrica. Contudo, vislumbram possibilidades de recomeçar, mostrando que o campo apresenta potencialidade emancipatória, onde o coletivo pode permitir a singularização do sujeito que a partir dele se reconhece e constitui.

Palavras-chave: trabalho, subjetividade, economia solidária, sociologia das ausências e das emergências.

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Publicado

2021-05-27

Edição

Seção

Artigos