Crítica literária e sociedade: como representa o texto literário?
Resumo
Este artigo interroga, de um ponto de vista teórico, as relações paradoxais que existem entre literatura e sociedade. Por um lado, critica-se uma leitura do literário com um viés sociologizante que tem sido muito divulgada pela crítica culturalista, mas busca-se resgatar aquilo que de positivo tem sido colocado por alguns autores como Mignolo, Moreiras, Polar e Bhabha. Por outro lado, apresenta-se uma proposta de leitura do literário que interroga sobre o que significa representar quando se está no âmbito da literatura. Assim, propõe-se pensar as relações paradoxais citadas a partir do conceito de paratopia, que surge no início dos anos 90 com Dominique Maingueneau dentro da Análise do Discurso francesa, e se retomam alguns conceitos de Homi Bhabha que, dentro dos Estudos Culturais, oferecem um ponto de vista teórico que sintoniza com uma idéia de representação que não supõe um funcionamento sem problemas ou simplificado da passagem do texto literário para o social ou do social para o texto. Hoje, a relação entre sociedade e discurso literário continua em aberto. O século XX, resumidamente, tentou várias saídas teóricas: o estruturalismo literário acreditou na imanência, um pós-estruturalismo cruzou imanência e cultura, e, depois, uma certa crítica cultural parece enfatizar o aspecto documental da obra literária, abrindo mão do seu caráter estético e das condições diferenciadas de funcionamento social que tal caráter acaba suscitando. Este artigo acaba também se transformando num convite à reflexão e ao diálogo com pensadores de outras áreas dos estudos sociais que pretendam trabalhar com o texto literário em seus trabalhos de história, política, sociologia e cultura e que, com sua bagagem teórica e suas práticas, poderão produzir novas reflexões sobre o problema colocado.
Palavras-chave: literatura, representação, sociedade.Downloads
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