Jalecos Brancos e o “Dragão Covidiano”: as alianças em torno do tratamento precoce

Autores

DOI:

https://doi.org/10.4013/csu.2021.57.3.06

Palavras-chave:

Medicina e Política, Médicos pela vida, Tratamento Precoce

Resumo

A pandemia da COVID-19 desafiou diversas nações do mundo a desenvolver mecanismos regulatórios para contenção ampla da contaminação. Em algumas destas situações, os governantes apostaram em estratégias polêmicas, sem evidência científica, com vistas a manter ou ampliar sua popularidade em meio à crise sanitária. Esse é o caso do Brasil, onde o presidente investiu num kit de medicamentos - sem eficácia comprovada - numa associação com grupos de médicos e militares que estão na base do seu governo. Nesse artigo analisamos quais foram as condições e as bases sociais de possibilidade dessa aliança entre médicos e o governo Bolsonaro em torno do que foi denominado como “tratamento precoce”. A análise permitiu demonstrar que esta aliança dependeu, de um lado, de um conjunto de transformações nas relações de força no sistema político e dos vínculos e relacionamentos da classe médica com a direita e a extrema direita. E, de outro, de certas características do próprio grupo profissional no que diz respeito ao recrutamento, modalidades de associação e suas alianças com o bolsonarismo. A bandeira do tratamento precoce se apresentou para este grupo como um recurso essencial para alavancar a popularidade do presidente e deles próprios, permitindo sua entrada na política e ampliando a politização da profissão.

Biografia do Autor

Fernanda Rios Petrarca, Universidade Federal de Sergipe

Possui Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pelotas (2000), mestrado em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2003), doutorado em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2007) e pós doutorado em Sociologia pela mesma universidade. Desde 2009 é professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Sergipe, integrando o Programa de Pós Graduação em Sociologia. Tem experiência na área de Sociologia Política, com o desenvolvimento de pesquisas nos seguintes temas: atuação profissional, engajamento político profissional, formação de grupos profissionais, elites profissionais, usos da formação universitária, jornalismo e mídia.

Wilson José Ferreira de Oliveira, Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor Associado 4 da Universidade Federal de Sergipe (UFS), no Departamento de Ciências Sociais (DCS), no Programa de Pós-graduação em Sociologia (PPGS) e no Programa de Pós-graduação em Antropologia (PPGA).

Downloads

Publicado

2022-03-25